Blogue não-oficial do Grupo de Xadrez Alekhine. Os assuntos serão vários, o xadrez necessariamente estará presente, sendo que a demais cultura e o humor não poderão também faltar.
domingo, 26 de julho de 2009
Karpov - Miles (Skara 1980) 1.e4 - a6!?
O saudoso GMI inglês Anthony Miles foi um jogador muito original.
Um ano antes do seu desaparecimento muito prematuro em 2001, ele visitou Lisboa para jogar o torneio internacional no Hotel Metropolitan, perto da actual sede do GX Alekhine.
Depois da última ronda consegui a fotografia autografada aqui acima, uma imagem do torneio Interpolis 1985 na Holanda. Miles jogou grande parte desse torneio deitado numa maca, de barriga para baixo (obviamente), por causa de problemas físicos. Houve protestos de jogadores como Korchnoi e Ljubojevic, mas afinal Miles até ganhou o torneio apesar do "handicap"! Ele escreveu um relato extenso ("De onmogelijke uitdaging" - "O desafio impossível") sobre esta experiência na revista "New in Chess", na altura no seu primeiro ano de existência e ainda em holandês!
Assisti a várias rondas do torneio em 1985 e achei piada mostrar a fotografia ao Miles 15 anos depois! Ele autografou com um sorriso.
Uma das partidas mais famosas na carreira de Miles foi sem dúvida a sua vitória de pretas contra o campeão mundial Anatoly Karpov no campeonato europeu em Skara 1980.... com a abertura 1. e4 - a6!? , um escândalo! Karpov não jogou a abertura da maneira mais convincente e considerando o empate uma humilhação afinal ainda perdeu o jogo!
Hoje as 4 primeiras jogadas desta partida foram repetidas em dois(!) jogos da 6ª ronda do Campeonato Nacional Feminino de Portugal:
Margarida Coimbra - Ana Baptista e Ana Meireles - Bianca Jeremias.
As pretas ganharam em ambas as partidas!
Por isso: aqui acima um vídeo Youtube da partida Karpov-Miles de 1980 com comentário em inglês. Uma versão em espanhol em http://www.youtube.com/watch?v=SB0cBiWQs3Q
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6 comentários:
Uma perfeita obra de arte que se poderia chamar, por parte das brancas:
" Canto à Indecisão", e do lado das pretas (paradoxalmente!):
" Oportunismo objectivo"---
A alcunha de Miles era "The Streetfighter"!
Aleg, na frase que referes, a palavra a usar será "Ode à indecisão" (ou hino) senão a frase não faz sentido (não se percebe que é "canto" de música, parece "canto" de uma sala...)
Nesse torneio de 2000, Miles venceu-me na 1ª ronda do Torneio de semi-rápidas, ganhou um peão, foi com essa vantagem para o final e venceu, simples...
Também obtive um autógrafo seu mas sobre a sua "partida do ano" de 1978 contra Spassky
Dervich
Caro Dervich,
obrigado pela correcção, é que eu ainda estou a me servir do Castelhano, especialemente no que respeita à construção das frases, falhando nesses pequenos pormenores idiomáticos. Somando o meu inconfundível sotaque eslavo-sul-americano, não me posso queixar!
Outra hipótese é que já nos comecemos a acostumar a esta simbiose luso-castelhana, portunhola, que talvez seja a futura língua em comum entre estas duas culturas similares que milagrosamente conseguiram coexistir, quase sem se terem misturado, durante tantos séculos...
Embora...há quem "viu" ainda mais longe, e começou estudar Chinês!
O.K. amigos, vamos lá separar as águas...
Fernando Pessoa tem a sua "Ode Marítima", Pablo Neruda tem o seu "Canto General", Jorge Luís Borges fala sobre "a rosa,...., a jovem flor platónica, a ardente e cega rosa que não CANTO, a rosa inalcançável" ("Fervor de Buenos Aires", 1923).
O meu simples velhinho Lello Escolar (1987) diz: "Ode: poesia própria para canto (antiquado nesta acepção)".
Pois, isto não resolve o vosso problema.
O mais moderno "Dicionário da Língua Portuguesa" (Porto editora 2006) diz: "Ode: 1. composição poética lírica de assunto elevado, própria para ser cantada; 2. subgénero lírico cultivado, segundo modelos greco-latinos, desde o Renascimento até à época contemporânea, com os temas mais diversos (heróicos, amorosos, etc.)e esquemas métricos também diferentes, mas caracterizando-se pela eloquência, solenidade e elevação de estilo."
Ora, aí está!
O franzino Karpov (em 1980, agora já não...) aparece-me aqui como uma figura apolínea em trajos brancos, coroa de louros na cabeça, as suas jogadas são como versos cantados, acompanhados por delicados dedilhados na sua lira.
O confronto com o "Streetfighter" Miles, personagem mais parecida com o "Touro Enraivecido" Robert de Niro no filme de Martin Scorcese só pode acabar em tragédia.
Chamar a isso "Ode" ou "Canto".... Oh Matushka Zastupnitsa! Venha o Diabo e escolha!
Se calhar eu preferia "Canto DE la indecisión", 1. porque falta o "assunto elevado" (próprio à ode) num encontro entre um Apolo e um Streetfighter e 2. assumindo mesmo o duplo sentido de "canto" indicado pelo caro Dervich: canto "cantado" e canto superior esquerdo do tabuleiro, onde o movimento do peão esquinal a7 para a6 é executado como um primeiro "golpe en los cojones".
Olé!
Grande exposição, Rini!
Palestra!
Dervich, não há nada a fazer, o holandês sabe. E à maneira!
Agora fico baralhado:::::
canto, ode, ângulo superior esquerdo....
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