quarta-feira, 8 de julho de 2009

Walter, o Grande Peão, 1938 - 2009


Walter Tarira, o sócio nº 1 dos Peões de Alverca, deixou-nos.
Há muitas razões para recordar este homem entusiasmante e entusiasmado pelo xadrez.
Na foto o seu último projecto: "Ritinha campeã nacional sub-12", que já não conseguiu concretizar...
Mais tarde vou tentar descrever uma experiência inesquecível que tive com o Walter: o torneio de Ílhavo 1992 inclusive a "preparação" no seu famoso Laboratório em Salvaterra de Magos.
No ano passado Walter fez 70 anos e em resposta a um mail de parabéns ele enviou-me um poema:
Vidas....
A vida é o dia de hoje,
a vida é ai que mal soa,
a vida é sombra que foge,
a vida é nuvem que voa;
a vida é sonho tão leve
que se desfaz como a neve
e como o fumo se esvai;
a vida dura um momento,
mais leve que um pensamento,
a vida leva-a o vento,
a vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
a vida é sopro suave,
a vida é estrela cadente,
voa mais leve que a ave;
nuvem que o vento nos ares,
onda que o vento nos mares,
uma após outra lançou.
A vida - pena caída
da asa de ave ferida -
de vale em vale impelida,
a vida o vento a levou!

4 comentários:

disse...

Grande Walter, com ele sempre tive uma comunicação especial. Sempre me elogiava o meu português, a o que eu sempre respondia que eu não merecia nenhum elogio. Temos filosofado as vezes que nos encontrávamos nos distintos torneios. Sentirei a sua falta.

Cláudio disse...

O lendário laboratório de Salvaterra... que memória deliciosa! Reparo que o Walter vive agora numa espécie de memória colectiva. Dei por mim a ver, há minutos, as notícias na televisão e a esperar pela parte em que aparecia o Walter. Não apareceu, claro. Nem na televisão, nem na minha rua, nem nos torneios, nem no clube, nem na casa de Salvaterra, nem na Dinastia para um prato de caracóis. Estou triste: pela primeira vez, o Xadrez entristeceu-me. Cobra agora o que me deu. E o preço é mais alto do que alguma vez pensara.

Anónimo disse...

Oh grande amante das Acaçias!!!
Elas ainda não floriram e tu ja partiste...que direi a elas?!?! Enfim...elas sempre a espera daquele aroma especial que mais em parte alguma encontraras senão aqui na terra das ACAÇIAS, humilde servo de CAISSA e das ACAÇIAS!

PAIS PINTO

Anónimo disse...

Lembro-me do Walter, de há muitos anos atrás nos distritais, dos episódios pitorescos, da sua fita na cabeça com uma pulseira de metal para lhe dar boas vibrações no tabuleiro e da amena e franca cavaqueira. Estive com ele naquela que viria a ser a última vez, há dois anos atrás, no open da Carris, e disse-me aquilo que sempre me dizia: "Eu queria muito saber jogar muito bem xadrez". O Walter era daquelas pessoas com verdadeira paixão pelo xadrez (O amor ao xadrez que supera o lado competitivo e do ego) e pela vida e por vezes pensando com os meus botões, gostaria de ver muitos dos veteranos que proliferam nos clubes serem muito mais acompanhados em termos de instrução xadrezística, porque aquilo que muitas vezes se esquece egoísticamente, é que se todos forem mais fortes, isso vai fazer evoluir o xadrez em si mesmo. Não me refiro a um ensinamento até cem pontos abaixo do professor (como já vi!) não vá o aluno superar o mestre! Não! Refiro-me ao espírito franco e genuíno de colaboração camaradagem e foi essa mesma camaradagem e lufada de ar fresco, que me fez ser sócio dos Peões de Alverca, em determinado momento da minha vida xadrezística, quando o meu primeiro clube acabou e de hoje, apesar da distância, valorizar cada vez mais o espírito de se ser um peão no xadrez humano.

Vida o poema

A vida é um poema muito lindo
Se assim a quisermos fazer
Nem tudo serão rosas
Mas tudo faremos para vencer

Coisas más e coisas boas
Coisas tristes e alegres
Tudo se junta num bolo
Só temos de separar as pestes

A vida é o maior poema
Desde que nascemos até ao morrer
Mas enquanto a vivemos
Temos de aproveitar e fazer tudo para a merecer

Não vale a pena andarmos tristes
E se tristes estamos temos de nos alegrar
E com essa alegria contagiar os outros
Para do poema fazer algo de encantar

E se tivermos sempre alegres
Com essa alegria podemos ajudar
Todos os que quisermos
E que se deixem libertar

José Ribeiro