Blogue não-oficial do Grupo de Xadrez Alekhine. Os assuntos serão vários, o xadrez necessariamente estará presente, sendo que a demais cultura e o humor não poderão também faltar.
domingo, 16 de agosto de 2009
Defesa Holandesa, variante Leningrad
No histórico encontro na semana passada entre GX Alekhine e GX Porto ("play-off" 2ª Divisão em Gaia) tive que defrontar o igualmente "hístorico" MN António Silva (já há décadas o 1º tabuleiro do clube mais antigo do país). Ele tem um largo repertório de aberturas e a defesa que escolheu nesta partida não fez parte da minha preparação.
No entanto, em tempos longínquos eu jogava esta variante da Defesa Holandesa com as pretas (posição diagrama aqui acima após: 1. d4 - f5; 2. g3 - Cf6; 3. Bg2 - g6; 4. c4 - Bg7; 5. Cc3 - d6; 6. d5 - 0-0; 7. Ch3).
A jogada Ch3 em vez de Cf3 tem a sua lógica: o cavalo pode ir para f4 ou g5 (a casa e6 é muitas vezes uma debilidade), também a diagonal aberta do Bg2 pode trazer vantagens.
A minha primeira experiência contra 7. Ch3 foi desastrosa: 7...c6; 8. 0-0 - e5; 9. dxe6 - De7; 10. Bf4 - Td8; 11. e4!? - fxe4; 12. Cg5 - Bxe6; 13. Te1 - d5; 14. Cxe6 - Dxe6; 15. cxd5 - cxd5; 16. Cxe4 - Cxe4; 17. Txe4 - Db6; 18. Te3 - Cc6; 19. Tb3 - Da6; 20. Bf1 - Da4; 21. Txb7 - Dxd1; 22. Txd1 - Be5; 23. Bxe5 - Cxe5; 24. Bg2 (1 - 0)
(Vosselman - Luyks, Holanda 1977).
Fiquei tão impressionado que experimentei a ideia no ano seguinte na 1ª Divisão holandesa contra um jogador forte que tinha terminado o Campeonato Aberto da Holanda 1977 (post 31 de Julho - "O regresso de Timman") no 3º lugar ex aequo (até a 10ª jogada igual à partida anterior): 11. Cg5 - Bxe6; 12. Cxe6 - Dxe6; 13. Db3! - Td7? 13...Ce8; 14. Tad1 14. Bxd6 já era possível! - Ca6; 16. Bxd6! 14. Txd6! - Tad8; 16. Ba3 - Cg4; 17. Txd7 - Txd7; 18. Td1 - Bd4??; 19. Txd4 - Txd4; 20. Dxb7 + -
(1-0, 33 Luyks - Bosch, Holanda 1978)
Em Portugal mestres como Diogo Fernando e Paulo Dias (lembro-me duma brilhante vítoria do último, ainda sub-20, contra GMI Peter Wells no Torneio Zonal em Andorra 1998) jogam a variante Leningrad com regularidade e também o múltiplo campeão António Fernandes serve-se dela de vez em quando, se não me engano.
A sequência 7...c6 e 8...e5 já não se vê muito hoje em dia: os resultados são muito favoráveis para as brancas. Um sistema mais em voga enfrentei numa partida no Torneio Metropolitan Lisboa 2000. A partir do diagrama: 7...c6, 8. 0-0 - Bd7; 9. Tb1 muito interessante é 9. c5!? - dxc5; 10.Db3 - Ca6; 10. b4 - De8; 11. Cf4 - Cc7; 12. dxc6 - bxc6; 13. b5 - Tb8?? aqui se vê a diferença que faz a diagonal aberta; com um cavalo em f3 não se passava nada, mas agora: 14. bxc6 "e acabou", pensava eu, pois 14...Txb1; 15. cxd7 ou 14...Bxc6; 15. Txb8; mas não, a partida simplesmente continuou (Paulo Cruz pode confirmar, ele estava lá a rir-se!): 14...Ce4; 15. Txb8 - Cxc3??!!; 16. Txe8 - Bxe8; 17. Dc2 - e5; 18. Bb2 - exf4; 19. Bxc3 - fxg3; 20. hxg3 - Bxc3; 21. Dxc3 - Bf7; 22. Tb1 - Ce6; 23. Tb7 - Tc8; 24. Bd5 só aqui as pretas pararam para contar as peças e rimo-nos os três! 1-0 (Luyks - Presado, Lisboa 2000).
Na semana passada António Silva jogou assim: 7...Ca6!?; 8. 0-0 - Cc5; 9. Tb1 alternativas: a) 9. Cf4 - g5; 10. Cd3 - Cce4; 11. Db3 = ou b) 9. Dc2 - e5; 10. dxe6 - c6; 11. Cg5 - Cxe6; 12. Td1 - De7 = 9... a5 9...e5!?; 10. dxe6 - Bxe6; 11. b3 - Cfe4; 12. Cxe4 - Cxe4; 13. Dc2 - c6; 14. Cf4 - Bd7; 10. b3!? - e5 10...Cfe4; 11. Cxe4 - Cxe4; 12. Bb2 - Cc3; 13. Bxc3 - Bxc3; 14. Cf4 não me parece mal para as brancas; 11. dxe6 - Cxe6; 12. Cg5 - Cxg5; 13. Bxg5 - h6; 14. Be3 - Rh7; 15. Bd4 (1/2 - 1/2) talvez haja ligeira vantagem para as brancas (diagrama em baixo), mas com posições favoráveis nos outros tabuleiros o empate serviu à equipa.
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4 comentários:
Bom jogo, Rini!
Jogando assim, és um duro rival.
Estou a repensar aquele conceito, que habitualmente chamamos "progresso" quanto à força dum jogador.
Acho que devemos nos aproximar à melhor compreensão do mecanismo que leva a que um jogador "progrida", ou "se estagne".
Este tema merece um Post.
Reparei que já fiz a minha interpretação da nova regra acerca dos empates (ainda não em vigor neste torneio): temos de jogar pelo menos 30 jogadas. Por dia, claro!
Foram 15 à tarde contra Jorge Cruz e 16 à noite contra António Silva.
Faz 31, chega e sobra!
De facto foi ao contrário: foram 16 à tarde (ainda fresquinho) e 15 à noite (já mais cansado)...
:))
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