Vamos para já saltar a 3ª ronda: o encontro com AC Luís de Camões não se realizou por razões a desenvolver numa futura comunicação…
No domingo houve reencontro com o Clube dos Galitos, há sete meses jogaram as duas equipas no hotel Golfmar pela permanência na 1ª divisão, um combate que acabou mal para nós, mas com muito mérito dos jovens aveirenses, a verdade seja dita (relato em http://ogatodoalekhine.blogspot.com/2011/08/blog-post.html ).
Curiosamente três pares de jogadores de cada equipa defrontaram-se agora de novo: Fernando Silva - Francisco Castro e Gustavo Pires – Alberto Eggert com as cores trocadas, Marinus Luyks outra vez de brancas contra o menino prodígio Henrique Aguiar, Paulo Cruz jogou de pretas contra João Andias.
Pormenor excitante: na véspera os Galitos tinham esmagado o GX Porto: 3,5-0,5! (ainda por cima um GX Porto reforçado com Fernando Cleto que não jogou na equipa que nos derrotou em casa por 3-1 no mês passado…).
Os resultados, sucessivamente:
- Fernando Silva - Francisco Castro: uma Defesa Grünfeld com troca de damas já na abertura. Resultou um final de torre e bispo contra torre e cavalo com a habitual maioria central das brancas contra a maioria na ala de dama das pretas, possivelmente com alguma vantagem das brancas, mas Castro defendeu-se bem: empate como resultado normal.
- Gustavo Pires – Alberto Eggert: uma Defesa Francesa (!, estreia Alberto?), mas após 1. e4 – e6; 2. d4 – d5; 3. exd5 – exd5, 4. Cf3 – Bd6; 5. c4!? – c6 (normal após 4…Bd6, para continuar com …Ce7) apareceu uma estrutura que a mim me provoca sempre uma certa “moleza mental” (estou a provocar um comentário do Alberto, claro!), embora perfeitamente jogável segundo John Watson na sua bíblia “Play the French”, por exemplo: 6. Cc3 – Ce7; 7. cxd5 – cxd5 = ou 7. Bd3 – dxc4; 8. Bxc4 – 0-0; 9. 0-0 – Cd7; 10. Bg5 (ou Te1) – Cb6 =.
Pessoalmente gosto de ver um cavalo negro em c6, por isso jogo 4...Bg4; e só jogo ...Bd6 após um Be2, Bd3 ou c3 das brancas, ou …Bb4(+) após um Cc3 ou c4 das brancas, mas isso é gosto pessoal, claro, a discutir num futuro treino no clube!?
Nesta partida pareceu-me que as brancas tinham sempre mais espaço, enquanto as pretas manobraram as peças nas últimas filas (uma arte em si…).
Alberto pode esclarecer melhor os acontecimentos no meio-jogo, que custaram bastante tempo no seu relógio e afinal a iniciativa branca decidiu a partida…
- Entretanto João Andias – Paulo Cruz foi uma Defesa Escandinava em que as brancas na posição do diagrama procuraram o ataque com 22. f6?!
Paulo neutralizou logo trocando as damas com 22…Dg5 (indicando que também era possível: 22…Cxf6; 23. Txf6 – gxf6; 24. Tg1 – Rh8; 25. Dxh6 – Dg5; 26. Dh3 – b5; 27. Bb3 – a5; 28. a3 – a4, 29. Ba2 – De3 com bom jogo para as pretas) e mais tarde conseguiu vantagem após 32. Ta5...
...com 32...Bg4! (ameaça 33…Bh3+) forçando 33. h4 – gxh4; 34. Txa7 – Bc8; 35. a4 – Rg6 com vantagem negra. Com as brancas em apuros de tempo houve algumas imprecisões dos dois lados, mas Paulo ganhou bem em 60 lances.
- Assim o desfecho do match ia ser decidido no 3º tabuleiro, onde reencontrei Henrique Aguiar.
Sem abandonar a Defesa Índia de Rei - Ataque dos 4 peões achei sensato não repetir a variante do ano passado…
Tal como em Julho 2011 a nossa partida foi emocionante e (sem ser brilhante) bastante conseguida, por isso uma análise:
1. d4 – Cf6; 2. c4 – g6; 3. Cc3 – Bg7; 4. e4 – d6, 5. f4 – 0-0; 6. Cf3 – c5; 7. dxc5 (em vez de 7. d5 como em http://ogatodoalekhine.blogspot.com/2011/08/blog-post.html ) - Da5; 8. Bd3 na preparação ainda ponderei 8. Bd2 – Dxc5; 9. b4 – Dxb4; e agora
a) 10. Ca4 – Da3; 11. Bc1 Db4+; 12. Bd2 empata;
b) 10. Cd5 – Da3; 11. Bb4 – Db2; 12. Tb1 – Dxa2; 13. Ta1 – Cxd5; 14. Txa2 – Cxb4; 15. Ta3 “ligeira vantagem branca”, diz Fritz, mas parece-me que as pretas têm muito jogo; aliás, as pretas podem também recusar o peão: 9…Db6!? 8…Dxc5 a variante táctica 8…Cfd7 parece agora refutada, mas tinha de ser preparada: 9. cxd6! – Bxc3+; 10. bxc3 – Dxc3+; 11. Dd2 – Dxa1; 12. dxe7 – Te8; 13. e5! – Cc6; 14. 0-0 – Cd4: 15. Cg5! (na partida original desta variante Ljubojevic – Van der Wiel (1986, http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1092197 )
aconteceu 15. Bb2? – Cxf3+; 16. gxf3 – Dxa2; 17. f5 – e agora 17…Txe7! parava o ataque; 18. f6 – Txe5; 19. Dh6 – Tg5+!; 20. Rh1 – Cxf6 - +; Fritz inventa também variantes sobre-humanas do tipo: 17…Cc5; 18. f6 – Bh3; 19. Dh6 – Ce6; 20. Tf2 – Bf5; 21. Bxf5 – gxf5; 22. Tg2+ - Rh8; 23. Tg7 – Db1+; 24. Rg2 – f4 - +) – Cc5; 16. Ba3 – Cdb3 (16…Ccb3?; 17. Df2! – Dc3; 18. Dh4 – h5; 19. Ce4 + - Gretarsson – Van der Wiel (foi em 1995 que o holandês perdeu assim outra vez horrivelmente com esta variante! http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1148712); 17. Txa1 – Cxd2; 18. Bxc5 – Bf5; 19. Td1 – Tac8; 20. Bxf5 – gxf5; 21. Txd2 – Txc5; 22. Cf3 – Txc4; 23. Ch4 com grande vantagem branca - Fritz; 9. De2 – Bg4; 10. Be3 – Da5; 11. Tc1!? pequena tentativa de confundir, normal é 11. 0-0 – Cc6; 12. Tc1 – Cd7; 13. Df2 – Bxf3; 14. gxf3 – Cc5; 15. Bb1 – Ca4 com igualdade, como em Topalov-Kasparov (1994, http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1070703 )
11… Cbd7?! meio peão de vantagem branca, diz Fritz; 12. a3 – Dd8; 13. 0-0 – Ch5; 14. Bb1!? 20 minutos gastos para esta jogada de espera e de “arrumação” , também pensei em 14. b4 – a5; 15. Dd2 – axb4; 16. axb4 – Bh6 o jovem quer a iniciativa!; 15. g3 – Tc8; 16. Cd5 – e6; 17. Cc3 – a6; 18. Rg2 – De7?! eu estava à espera de 18…g5!?; depois 19. fxg5?! – Bxg5; 20. Bxg5 – Bxf3+; 21. Dxf3 – Dxg5 parece bom para as pretas; eu ia dar um peão com 19. Dd2 – gxf4; 20. gxf4 – Txc4; e agora 21. Rh1!? ou 21. Ba2!?;
19. h3 – Bxf3+; 20. Dxf3! – Bg7 pois 20…Txc4? perde uma peça após 21. g4 etc.; 21. g4 – Bxc3? parece-me um erro: gosto ter dois bispos contra dois cavalos nesta posição, melhor 21….Chf6; 22. Ce2 – Ce8; 23. b4 com vantagem de espaço para as brancas (23…Bb2; 24. Tc2 – Bxa3? 25. Bd2 + -); 22. Txc3 – Chf6; 23. e5!
23...Ce8 pois 23…dxe5; 24. fxe5 - Ce8; 25. Dxb7 dá muito espaço aos bispos!; 24. exd6 já com confiança na maioria na ala de dama e nos bispos, mas 24. Dxb7! era muito mais forte – Cxd6; 25. Bd3 – b6; 26. Bd4 para evitar 26…e5, mas era possível 26. b4 – e5; 27. Dd5 – Tfd8; 28. Tcc1 – Ce8; 29. Df3 - Fritz – Cc5; 27. Bc2 – Db7? momento decisivo em apuros de tempo: as últimas jogadas das brancas foram algo hesitantes e agora 27…f5! dava ainda jogo às pretas; em contrapartida, a troca de damas não ajuda nada!
28. Dxb7 – Cdxb7 melhor 28…Ccxb7; 29. b3 – Cc5; 30. Td1 – Tfd8; 31. Rf3 com grande vantagem branca; 29. b4 – Cd7; 30. Ba4 – b5; ou 30…Tfd8; 31. Bxd7 – Txd7; 32. Bxb6 – Td2+; 33. Tf2 – Txf2+; 34. Bxf2 – Cd6; 35. c5 – Cb5; 36. Td3 + -; 31. cxb5 – Txc3; 32. Bxc3 – Cb6; 33. bxa6! com um agradecimento ao par de bispos...
Quase-veterano contra menino-prodígio (foto Alberto...eh...Beto Eggertchi!?)
2 comentários:
Muito bom trabalho, Rini!
Em ambos os sentidos (durante o jogo e agora, a escrever)
Pois é, tu o disseste: "Moleza mental". Completamente de acordo.
Ainda acho que podia chegar a um empate, mas como dizem os moralistas "pequei de soberbo" (dito mais psicologicamente, fui subjectivo). E o meu distinguido Rival, além de arranjar um "cliente", fez-se com o seu merecido ponto.
É o que há na actualidade, amanhã vamos ver...
Os rapazes dos Galitos causaram-me uma excelente impressão pela camaradagem e um grande empenho para jogar: assim é que é, Galitos, além dum "cliente", têm cá mais um do clube dos vossos fãs!
Vamos dedicar um post ao Clube dos Galitos! Afinal só falta pouco mais de uma semana até ao encontro da Taça, eu quero ir!
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