domingo, 18 de março de 2012

Pesadelo alekhinista em Vale São Cosme...


(post da inteira e exclusiva responsabilidade do autor)

5ª ronda da fase apuramento 1ª Divisão - 17 de Março 2012:
Núcleo de Xadrez Vale S. Cosme Didáxis - GX Alekhine 3 – 1
Um drama, tal como na semana passada, aqui um pequeno diário de bordo.

- 08h00: "a equipa mais mais multinacional da história do Alekhine" (palavras do dirigente António Garcia) Alberto Eggert - russo-argentino, Marinus Luyks - holandês, Aleksandar Stojanovic - sérvio e Leo Alvin - francês junta-se no terminal rodoviário de Sete Rios;

- 08h30 - 13h30: Lisboa - Vila Nova de Famalicão, cinco horas de viagem como sardinhas enlatadas ou grelhadas num autocarro cheio, com conversa animada sobre as carências afectivas do xadrezista em geral e de alguns xadrezistas do GX Alekhine em particular, com quatro lindas, mas inacessíveis estudantes Erasmus nos bancos atrás;

- 13h30 - 15h00: táxi para Vale S. Cosme, seguido dum almoço caseiro num restaurante da terra: pescada e carne grelhada, comida a condizer com o meu estado físico pós-viagem;

- 15h00 - 18h30: jogo na Escola Cooperativa Vale S. Cosme - Didáxis:
empates meritórios de Alex Stojanovic contra Maria Inês Oliveira, vice-campeã de Portugal 2012 e de Leo Alvin contra o russo Yaroslav Minakov; Alberto Eggert descobriu que Luís Silva tinha muito bem preparado a variante Paulsen da Defesa Siciliana e o seu servidor Marinus viu uma tarde de glória transformar-se num pesadelo...

Marinus Luyks - Bruno Gomes (venceu na semana passada Fernando Ribeiro na Taça de Portugal http://nxvscdidaxis.blogspot.pt/2012/03/cdlvii.html )

1. d4 - Cf6; 2. c4 - g6; 3. Cc3 - d5; 4. cxd5 - Cxd5; 5. e4 - Cxc3; 6. bxc3 - Bg7; 7. Cf3 - c5; 8. Tb1 - Cc6?!


normal é 8...0-0; 9. Be2 - Cc6; 10. d5 - Bxc3+ ou Ce5 com variantes longas e bem analisadas; 9. d5 - Ce5 não 9...Bxc3+?: 10. Bd2 - Bxd2+; 11. Dd2 - Ca5; 12. Bb5+ com grande vantagem branca; 10. Cxe5 – Bxe5; 11. Bb5+ - Rf8!? ou 11…Bd7; 13. Db3 com alguma vantagem branca; 12. Bh6+ – Rg8 12…Bg7; 13. Dd2; 13. 0-0 a posição curiosa do rei negro vale um peão – Dc7; 14. f4 – Bxc3; 15. Tc1 – Da5; até aqui Fritz concorda e recomenda agora 16. Db3 – Bd4+; 14. Rh1 – a6; 15. Be2 – b5; 16. f5 com jogo dinâmico; 16. Be2!? – Bd4+; 17. Rh1 – Dxa2? um erro, dando às brancas um tempo de ataque decisivo; 18. Bc4! – Da5; 19. f5!– Dd8; 20. d6! –



– Dxd6 ainda com 18 minutos no meu relógio, dezoito! O resto do jogo só pode ser relatado com ajuda dum velho conhecido que me tocou suavemente no ombro neste momento, olhei para trás: “Olá, és tu!” e joguei 21. e5… que não estraga nada, mas 21. Db3! era a conclusão lógica desta partida com mate ou grande perda de material – Bxe5; outra vez um toque no ombro: “Ainda não percebeste”, sussurrou o velho conhecido, “não sabes fazer melhor do que isso?”; 22. fxg6?? grande pancada no ombro: “Assim é que é, sim senhor!” Quem foi? Olha: http://gxalekhine.blogspot.pt/2008_10_01_archive.html, 22. Db3 ainda era 1-0 - hxg6; o resto sem comentário: 23. Txf7 – Txh6; 24. Txe7+ - Rh8; 25. Txe5 – Txh2+; 26. Rxh2 - Dxe5+; 27. Rg1 – De3+; 28. Rh1 – Bf5 0-1

- 19h00 – 00h30 regresso a Lisboa, um regresso em pesadelo…

A salientar, como já referido antes, a boa disposição que reinou na equipa durante esta viagem difícil, os suplentes Alex e Leo contribuíram muito tanto no convívio como no tabuleiro.
No entanto, acho que as experiências nas últimas duas semanas indicam que algo tem de mudar na nossa logística e preparação dos encontros fora e longe de casa, não podemos falhar desta maneira.

3 comentários:

disse...

Sou eu o teu pesadelo, Rini!!
Ver um gajo falhar desde a primeira jogada é torturante pá...
Vais ver que quando voltares ao tabuleiro, irás ver todos os Db3 daqui à eternidade!:)

Quanto à viagem no autocarro, tudo o que for mais de 2 horas, é preferível fazê-lo de comboio. No meu caso particular, senti náuseas durante toda a viagem, com a agravante de se lhe somaraem umas incisivas palpitações durante o jogo que não deixaram raciocinar a este profissional amador russo-argentino...
Esta semana, consulta com um médico clínico, para pôr a prova um possível "diagnóstico" -
burrice aguda.
Bem eu quisesse que se confirme, que para isso não há remédio, mas pelo menos dava para prevenir a crónica!!

Ah...o meu reumático...

Boa viagem à tua Terra, Rini Luyks, e obrigado pela tua sábia companhia

Rini Luyks disse...

Pois, Alberto, a viagem de ontem foi mesmo para esquecer...espero que o tal diagnóstico seja favorável.
Vejo que hoje Palma e Arredores apanharam um 4-0 contra Didáxis por falta de comparência...
Este modelo de competição é mesmo uma merda.
Havendo quatro séries da 2ª divisão, penso que devem descer também quatro equipas da nossa série!? Os quatro vencedores das séries da 2ª divisão jogam uma poule, o vencedor da qual sobe â 1ª divisão, as restantes três equipas vão à fase de apuramento . Dificilmente vamos agora escapar às 4 últimos lugares da nossa série, para isso é preciso ganharmos contra Palma e AC Luís de Camões e ainda AC Luís de Camões ir ganhar em Aveiro contra os Galitos...
Se o GX Porto ganhar na última ronda contra Didáxis vou ter muita pena não ter jogado o tal Db3, esse ponto podia neste caso ter sido a salvação...buuuhh! (sempre nós ganhando contra Palma e Camões claro).
Pronto, chega de resmunguice...

Rini Luyks disse...

E assim foi, um mês depois: GX Porto ganhou ao Didáxis, GX Alekhine ganhou a Palma e Arredores (AC Luís de Camões perdeu contra os Galitos) e "o tal Db3" podia ter sido a nossa salvação...se a FPX tivesse tido a coragem de se pronunciar sobre o nosso protesto em relação ao match AC Luís de Camões - GX Alekhine que não se realizou por indicação errada do local do encontro no site da FPX (responsabilidade do nosso adversário).
Só que a FPX habilmente preferiu condenar o caso ao esquecimento na boa tradição do xadrez luso.
No entanto, espera aí...(comentário da inteira e única responsabilidade do autor)