sexta-feira, 2 de março de 2012

Jan Timman e Lisboa



Bem, afinal o novo livro do GMI Jan Timman “Schakers – Portretten” (em holandês) não é tão falado como eu pensava, a não ser nos sites holandeses.
Um pequeno resumo, também baseado na reportagem televisiva (post de 29 de Fevereiro).
Neste livro “Schakers” Timman retrata dez grandes jogadores, alguns mais velhos que tiveram grande influência na sua formação como xadrezista, outros da sua própria geração ou mais novos.
No livro são apresentados retratos de:
Alexandre Alekhine
Mikhail Botwinnik
Bent Larsen
Mischa Tal
Boris Spasski
Bobby Fischer
Ulf Andersson
Garry Kasparov
Judit Polgar
Magnus Carlsen

Na entrevista Timman declara que ele considera Kasparov o melhor de todos por causa do seu poder de análise e cálculo, muitos das suas partidas e ideias resistem ainda hoje em dia às análises com programas de computador.
Karpov não tem o seu próprio capítulo no livro porque é mencionado inúmeras vezes em combinação com Kasparov, mas Timman diz que conhece Karpov ainda muito melhor do que Kasparov, já se encontrararam nos campeonatos internacionais desde 1967.
Fischer é apresentado como um símbolo da Guerra Fria, herói solitário que conseguiu romper a hegemonia da União Soviética no xadrez, batendo sucessivamente Taimanov, Petrosian e Spassky para ganhar o título mundial, sofrendo depois um “colapso” que Timman considera “enigmático e misterioso”.

Tradução do texto na capa do livro (http://schaaksite.nl/page.php?al=jan-timman-3-schakersportretten):

“Ao longo da sua carreira Jan Timman enfrentou muitos grandes jogadores. Como poucos outros ele teve a oportunidade de estar na presença deles e de olhar dentro da alma deles. Boris Spasski, Bobby Fischer e Garry Kasparov são três dos xadrezistas importantes mais velhos que ele retrata neste livro – ao lado de mais novos como Judit Polgar e Magnus Carlsen. Timman fala sobre a influência que Mikhail Botwinnik e Mischa Tal têm exercido nele, tanto no jogo como fora do jogo. Ele compreende as peculiaridades dos xadrezistas, as simpáticas e as antipáticas, as humanas e as deshumanas.
Muito intenso é o retrato de Alexandre Alekhine, Timman descobre pistas dele durante uma estadia em Lisboa, muitas dezenas de anos após a sua morte; uma história ao mesmo tempo fascinante e horripilante, com mágia e contada com exactidão.
Jan Timman (*1951) jogou durante muito tempo no nível mais alto do mundo de xadrez internacional, ganhou muitos torneios e participou várias vezes na luta pelo título mundial. A sua posição mais alta na lista mundial foi o segundo lugar. Ele é redactor-chefe da revista New in Chess.”


Obviamente uma parte muito interessante do livro será a história sobre Alekhine.
Que eu saiba Timman visitou Lisboa pelo menos três vezes.
Duas vezes como convidado nos Festivais de Xadrez de Lisboa (em Novembro 2000 e Novembro 2001) e uma vez no Inverno de 2001. Foi nestas visitas que ele deve ter descoberto as tais pistas sobre Alekhine e se não me engano isso tinha a ver com um jogo de xadrez em vidro com assinatura de Alekhine que Timman encontrou num antiquário lisboeta. Para saber o resto terei de comprar o livro…



Pessoalmente ainda tive um envolvimento directo na primeira vinda de Timman a Lisboa como relatado num comentário a um dos primeiros posts neste blogue: http://ogatodoalekhine.blogspot.com/2009/05/xadrez-de-jorge-luis-borges.html

A foto aqui acima foi tirada durante a segunda visita de Timman a Lisboa no Centro de Xadrez no parque São João de Brito (agora sede da AXL, na altura o centro de actividades do saudoso Plano Desenvolvimento Xadrez da CM Lisboa, uma foto da abertura em 1999 por Garry Kasparov acompanhado pela vereadora Rita Magrinho em http://ogatodoalekhine.blogspot.com/2009/07/nova-morada-ax-lisboa.html).

4 comentários:

disse...

Mais um grande post, Meester Rini!
Fica para a memória.
E claro, uma tradução do recente livro do Jan à língua que eu saiba interpretar, ter-me-á entre os seus agradecidos leitores!

Anónimo disse...

Um livro de xadrez escrito por um holandês é sempre um evento, aliando o rigor e a objectividade alemãs ao humor e às curiosidades que não estão ao alcance da percepção daqueles.

Nem de propósito, estou agora a meio de um outro livro de um compatriota destes nossos amigos, Dirk Jan ten Geuzendam, que escreveu Linares! Linares! lá por 2001

http://www.chessbase.com/eventarticle.asp?newsid=863

comprado na liquidação da livraria Portugal no Chiado num pacote de 3 livros por 15 €...

Dervich

disse...

Oh amigo Dervich, a aproveitar o tempo a folgar, e a ler os livros que terá lido a mesmíssima Polgár...:) (por exemplo:))
Hoje ando um bocado poético, ando...

Rini Luyks disse...

Pois esses saldos de 70% da já saudosa Livraria Portugal passaram-me ao lado, mas também...acho que ficava com um nó no estômago ao sair de lá assim com pacotes de livros nos braços.
Uma grande perda.