domingo, 17 de janeiro de 2010

Houve Taça: GX Alekhine - Clube EDP: 3,5 - 0,5 !

Jogo grande ontem, já na 2ª eliminatória da Taça de Portugal, o nosso encontro contra o Clube EDP. "Demasiado cedo" segundo o delegado e árbitro Paulo Correia e concordo com ele.
Só quatro equipas da 1ª Divisão ficaram isentas e não há emparceiramento dirigido para evitar encontros "prematuros".

Foi também um regresso à "cabana" no Parque de Jogos S. João de Brito em Alvalade, há uma década o espaço do Plano de Xadrez de Lisboa, agora a morada da AXL. Foi lá que o encontro da Taça foi disputado por causa da intensa actividade na sede do nosso clube (torneios preliminares do Campeonato Individual de Lisboa).

Alinhamento da nossa equipa: Mestre Fernando Silva, Marinus Luyks, Paulo Cruz, Renato Vasconcellos, tive a honra de ser capitão por indicação do Rui.
Peço ao Renato Vasconcellos (se lhe apetecer) para fazer o relato do seu jogo, pois nas primeiras horas estive praticamente colado à minha cadeira: uma abertura invulgar do meu adversário exigiu profunda ponderação em cada jogada. Mas parece-me que o Renato jogou uma Siciliana muito sólida, ele ganhou uma qualidade e alguns peões sem dar hipótese de ataque ao adversário André Pinto.

A primeira posição que vi ao meu lado foi a seguinte:

Claro que no GX Alekhine só Paulo Cruz (contra Vítor Morais) é capaz de produzir uma abertura destas, a análise retrogada não é muito difícil: 1. d3 - d5; 2. e4 - dxe4; 3. dxe4 - Dxd1+; 4. Rxd1. Pouco depois trocaram-se bispos em e3 (correcção: trocou-se um cavalo por um bispo, ver comentário) e o Paulo ficou com um belíssimo par de peões dobrados e isolados em e3 e e4!
No entanto, verdade é que ele ganhou o seu jogo em menos de duas horas, um ponto a dar confiança à equipa e caso para dizer: nada se questiona, nada se critica :) Bravo!
Hoje de manhã estive um tempinho entretido com a reconstrução (de cor) da última parte da partida entre Mestre Fernando Silva e Afonso Rodrigues. Foi uma variante Stonewall da Defesa Holandesa.
Na posição do diagrama aqui em baixo Fernando tinha acabado de jogar 1. e4 (não sei o número da jogada, claro). Com Afonso em apuros de tempo eu já contava o ponto, mas não foi tão simples:
1...dxc4; 2. e5!? bxc4 - c5 - c3? 2...Db8!; 3. bxc4 - c5 com bom contrajogo (Fritz), pois não é possível 4. d5? - exd5; 5. cxd5 - c4!; 3. Dxc3 - De7; 4. Rg1 - Cf8; 5. b4 - Cg6; 6. Cf2 - a5; 7. bxa5 - bxa5 não tenho a certeza sobre a ordem das últimas quatro jogadas, mas os jogadores chegaram à posição do próximo diagrama.
Seguiu-se uma curta fase táctica: 8. Ce4 - c5; 9. Cd6 - cxd4; 10. Cxc8 - dxc3; 11. Cxe7+ - Cxe7; 12. Tc2 de preferência não 12. Td8+? ou 12. Td7? pois o peão c vai fazer dama! - Bxg2; 13. Rxg2 - Cd5 resultando num curioso final que foi muito bem jogado pelo Mestre: 14. Rf3 - Rf7; 15. Re4 - Rg6; 16. a3 - Rg5; 17. h3 - Rg6; 18. Tf2 - Rg5; 19. Tf8 - h5; 20. Tc8 - h4; 21. g4 - Rg6; 22. Tc6 - Rf7; 23. Tc5 - a4; 24. Tc4 - Rg6; 25. Rd3 - Rg5; 26. Txa4 - Cf4; 27. Txf4 - Rxf4; 28. a4 1-0.

Como já referido: na minha partida contra Alberto Fernandes fui obrigado a pensar desde o início do jogo.
Alberto Fernandes - Marinus Luyks (Nimzo-Larsen Attack)
1. b3 - e5; 2. Bb2 - f6!? no ano passado Fernando Silva ensinou-nos uma variante com 2...d6, mas claro: esqueci-me de tudo!
A jogada 2...f6 foi recomendada por Bobby Fischer, por isso não deve ser tão má... 3. e4 - Cc6; 4. f4!? - Bc5; 5. Cf3 - d6; 6. Bb5 - Ce7; 7. d4 - exd4; 8. Cxd4 - 0-0; 9. Bxc6 (a conquista do par de bispos pode sair cara às brancas: 9. Bc4+?! - Rh8; 10. Ce6 - Bxe6; 11. Bxe6 - f5! com vantagem negra) - Cxc6; 10. Cxc6 - bxc6; 11. Cd2

11...Be3 após longa reflexão, não gostei muito de variantes do tipo 13...De7; 14. Df3 - a5; 15. a4 - Be6; 15. 0-0-0 - Tae8; 16. g4 - d5, perfeitamente jogável segundo o computador; 12. Df3 - Bxd2+; 13. Rxd2 - c5 13...De7!?, 13...d5!?; 14. Tae1 14. e5 - dxe5+; 15. Rc1 - Be6; 16. fxe5 - fxe5; 17. Dg3 - c4; 18. Lxe5 - Tf7; 19. Rb2 = - Bb7; 15. Rc1 - Dd7; 16. g4 - Tae8; 17. Thg1 - Dc6; 18. g5 - Txe4; 19. Dc3 - Txe1+; 20. Te1 - Df3 para forçar o empate, 20...De7!?

21. Dd2?! - fxg5; 22. fxg5 - Df4?! Fritz dá vantagem negra após 22...Be4!; a) 23. Dc3 - Dxc3+; 24. Bxc3 - d5 ou b) 23. De3 - Dxe3; 24. Txe3 - Tf1+; 25. Rd2 - Tf2+; 26. Te2 - Txe2+; 27. Rxe2 - Bxc2 23. Te7 - Dxd2+; 24. Rxd2 - Tf7 0,5-0,5
Resultado: GX Alekhine - Clube EDP 3,5 - 0,5, uma grande vitória!

9 comentários:

Unknown disse...

Bom relato Marinus.
Só um pequeno reparo: na minha partida, não se trocaram os bispos em e3. Foi pior, deixei que um dos cavalos do meu adversário me eliminasse o bispo aí alojado (os muitos acérrimos defensores do par de Bispos acharão tal comportamento uma heresia).

Rini Luyks disse...

Obrigado pelo reparo, Paulo.
É que já vi várias partidas (do Mestre Sérgio Rocha, por exemplo) onde a tal troca de bispos se efectuou, em geral com as cores trocadas (Bxe6 - fxe6 então), daí a minha conclusão errada.
Mas meritório ainda a tua vitória preciosa! Não queres publicar a partida toda (enviar para o administrador Renato, por favor...:)
Um cavalo a eliminar um bispo é mais do que uma heresia, é uma blasfémia, só comparável com a cena daquela italiana louca a derrubar o Papa na noite de Natal.
Pessoalmente também não ligo muito a um par de bispos. Aliás, com a nova legislação em vigor já podemos falar em CASAL DE BISPOS!!
Gay & Dirty Old Men, sem dúvida :))

Rini Luyks disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rini Luyks disse...

...MAIS MERITÓRIA ainda...

disse...

Ideias inovadoras(já todo um clássico!) costumam distinguir o jogo do mestre Paulo+. Logo se são pares de bispos, de cavalos, o do que for...tudo serve para deixar pairar a deusa Caissa sobre o tabuleiro bicolor.
Parabéns a todos os jogadores pelo feito ante um duro rival.
E que, claro, continuem os êxitos!:)

Anónimo disse...

Excelente análise, sem dúvida! mas essa do casal de bispos está mesmo muito boa! :) Ainda me estou a rir! Se não tiver de pagar direitos de autor, acho que daqui para a frente vou adoptar essa designação!

Rini Luyks disse...

Obrigado pela dica, caro anónimo, vou já assegurar a minha patentezinha acerca da expressão "casal de bispos" num próximo post!

Anónimo disse...

Quando os elementos são da mesma espécie diz-se par e não casal. Nínguém diz "que bom casal de mamas!!" ou " eu queria um casal de peúgas" ou, ainda "que valente casal de cornos"

É,definitivamente, par de Bispos...

Rini Luyks disse...

Não concordo, Anónimo: se os bispos agora podem casar (pela Lei, mas desobecendo a Roma, claro), então porque não podem ser um casal...?