terça-feira, 29 de setembro de 2009

Carlsen, o Mandarim de Nanjing


Será por causa das vestes imperiais chineses ou por causa das aulas do seu novo treinador Kasparov? Carlsen começou o torneio "Pearl Spring" em Nanjing a arrasar: duas vitórias contra Leko e Topalov.
Links para o torneio no fim do artigo no site "Chessvibes": http://www.chessvibes.com/reports/nanjing-r2-carlsen-beats-topalov-increases-lead/#more-16667


No torneio feminino participa a belíssima MI equatoriana Martha Fierro, que viemos a conhecer no ano passado através do portfólio "Damas de Xadrez" que MI Fernando Silva nos trouxe da Olimpíada de Leipzig (como vê, caro leitor, nos assuntos verdadeiramente importantes a memória não falha!).
Ela começou bem o torneio com dois empates contra as GMIs Zhu Chen e Baira Kovanova.

Male Torso - Fernando Botero (1992)




No jardim do Museu de Arte Moderna em Sintra, Colecção Berardo.
O Joe gostou!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Adivinha cultural II




Para compensar um pouco a overdose de imagens de Nossa Senhora de Alpiarça no post anterior:
a) autor e nome desta obra?
b) onde se encontra actualmente?
Estou curioso: o sábio Dervich dará outra vez as respostas certas (post 12 de Setembro)?
a) deve ser fácil, b) talvez menos...
Ajuda: tirei as imagens ontem, no último dia duma exposição, dedicado a um artista chinês (que não é o autor da obra aqui acima).

domingo, 27 de setembro de 2009

Casa do Xadrez - GX Alekhine em Alpiarça


...o match...



...a taça...

...o almoço...


...o Manuel será Curado?...



...sopa de pedra, sim senhor, mas sem orelha de porco, por favor...



..hoje é dia de reflexão?...



...a Melhor Casta..



... devoção...



...o Manuel está Curado...




...a Casta é bela...


...muito bela...



... sim, hoje é dia de reflexão...

Mais imagens no blogue dos generosos anfitriões:
A taça ficou em Alpiarça, só nas últimas rondas do torneio Scheveningen os alekhinistas conseguiram alguns parciais favoráveis, reduzindo a margem da derrota a proporções sofríveis.
Mas no excelente convívio/almoço a seguir fomos todos vencedores!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Anish, coqueluche da televisão holandesa


Parece que o campeonato do jovem Anish Giri foi uma coisa muito boa para a popularidade do xadrez na Holanda. Campeão há menos de uma semana ele já foi a vários programas de televisão, entre os quais o programa "Holland Sport" http://player.omroep.nl/?aflID=10119951 .
Engraçado neste fragmento ver Anish a tentar imitar as caretas de Kasparov num famoso vídeo de uma partida contra Karpov nos anos '80 (minuto 7.08 no link).
E as raparigas derretidas no público (minuto 9.05) a pensar:
"Se ele tivesse só mais uns anitos...!"

Karpov-Kasparov, 3ª partida semi-rápidas, Valência 2009

Aqui um vídeo-amador do duelo Karpov-Kasparov em Valência, com no fim o desfecho da terceira partida semi-rápidas, a única ganha por Karpov.

Entretanto já conhecemos o resultado geral do match:

Kasparov-Karpov 3-1 em semi-rápidas, 6-2 em blitz, resultado desnivelado que não faz prever mais matches deste formato entre os dois, pena!

Em 1987 assisti ao match em Sevilha; tal como agora em Valência, o árbitro foi o meu compatriota Geurt Gijssen com quem tenho uma história incrível que já anunciei num comentário ao post de 4 de Julho ("Estudo de Smyslov") e que agora vou tentar recuperar para um próximo post.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Quando as peças caem...

Mais uma vez, um instrutivo confronto que não ensina nada, mas faz que aprendamos muito...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Era da Estupidez

Hoje é a estreia mundial do filme/documentário "The Age of Stupid" ("A Era da Estupidez") da autoria da activista inglesa Franny Armstrong.

O filme questiona a passividade do Homem perante as alterações climatéricas e um objectivo é "influenciar os líderes mundiais a assinarem em Dezembro em Copenhaga um novo tratado sobre redução das emissões de gases de efeito estufa".

Info sobre a estreia em Portugal: http://oplanetaquetemos.blogspot.com/2009/09/era-da-estupidez-age-of-stupid.html

domingo, 20 de setembro de 2009

Anish Giri campeão da Holanda 2009


Apesar de ter ficado desvalorizado pela ausência de vários GMIs (post 15 de Setembro), o Campeonato Individual da Holanda teve um vencedor mediático: Anish Giri, actualmente o mais jovem GMI no mundo. Filho de pai nepalês e mãe russa, Anish nasceu em São Petersburgo em 1994. Viveu períodos na Rússia e no Japão antes de chegar a Holanda no ano passado, onde dentro de 10 meses conseguiu chegar ao título de GMI, a última norma obteve no grupo C do Torneio Corus deste ano.
Há dois meses ele já foi segundo no Campeonato Aberto da Holanda.
Neste campeonato Giri começou calmamente com três empates, mas logo depois da saída inglória de Tiviakov, ele ganhou quatro vezes seguidas.
Decisiva foi a vitória contra Friso Nijboer que na classificação final ficou a meio ponto de Giri (6 contra 5,5). De brancas numa variante clássica da Defesa Índia do Rei, Giri surpreendeu Nijboer com um sacrifício de cavalo.

Após 15. Cb5 - a6 (diagrama) aconteceu: 16. cxd6!? - axb5; 17. dxc7 - Dd7 psicologicamente muito chato para o jogador das pretas, habituado a atacar o Rei branco nesta abertura: agora ele tem que defender!; 18. Bb4 - g4; 19. Cc5 - Dxc7; 20. Ce6 - Df7? melhor era 20...Db6+; 21. Bc5 - Da5 como indicou o próprio Nijboer depois do jogo; 21. Bxb5 - gxf3? (21...Bd7); 22. Cg5! já com vantagem decisiva para as brancas (1-0 em 37 lances, http://nk.schaakbond.nl/download/pgn-1/nk2009-compleet.pgn/view , partida nº 54).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Estátua, de Camilo Pessanha


















***
Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, – frio escalpelo,
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.
Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.
E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre mármore correcto
Desse entreaberto lábio gelado:
Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Escândalo no Campeonato Nacional da... Holanda!


No passado fim-de-semana terminou na Amadora o Campeonato Nacional Individual de Portugal e começou em Haaksbergen o torneio pelo título de Campeão da Holanda.
Os dois torneios têm uma curiosidade menos feliz em comum: sete jogadores dos top-10 do ranking nacional não participa(ra)m!
As razões devem ser as mesmas: falta de condições.
Neste ano o principal patrocinador do Campeonato da Holanda desligou-se do evento, consequência: um primeiro prémio de "apenas" 6000 euros (era 10.000 euros no ano passado).
"Não, obrigado", disseram Van Wely e Timman (múltiplos ex-campeões), Smeets (campeão em 2008), l'Ami (campeão Open da Holanda 2009), Stellwagen ("Rising Star", post 31 de Agosto) e mais alguns GMIs 2500+.
Mas aleluia!, pelo menos a organização conseguiu assegurar a participação do jogador com passaporte holandês com melhor Elo-FIDE: Sergey Tiviakov (2670).
Assim parecia...até hoje.
Tiviakov já tinha um torneio combinado na Croácia, a começar no dia a seguir à última ronda do campeonato holandês e, para conseguir fazer a viagem, "pré-arranjou" um empate para essa jornada do próximo domingo contra GMI Ernst. Só que Sergey interpretou mal o contrato (e sobretudo a atitude inflexível da organização em relação a esse contrato) que diz que "todos os jogadores têm que estar presentes nas ceremónias de abertura e encerramento e durante todas as rondas do torneio".
Ou seja: o empate pré-arranjado tinha que ser jogado mesmo no dia da última ronda. Não aparecendo na sala de jogo Tiviakov ia apanhar uma derrota por falta de comparência.
Ao receber esta comunicação dos arbitros o jogador imediatamente retirou-se da prova (hoje, antes do início da quarta ronda), arruinando por completo o torneio, claro.
Toda esta "novela" (fenómeno raro na Holanda, de facto) e as suas consequências em http://www.chessvibes.com/reports/tiviakov-withdraws-from-dutch-championship/#more-16206

A sorte acompanha os audazes...


Partida Francisco Mateus - Daniel Quinta, 2º tabuleiro da última ronda da Fase Preliminar, ontem, http://www.fpx.pt/online/cna2009/preliminar/9/aovivo.
Apuros de tempo para ambos, mas mais para as negras.
Mateus jogou 45. d6 e ganhou após 45...Bxd6?; 46. Tb6! - Te8; 47. Dd5+.
Daniel Quinta sem dúvida já descobriu que após 45...Txd6! a história seria outra: 46. Txb7 - Txb7; 47. Dxb7 - g4!; 48. Th4 - g3! e não vejo defesa para as brancas, ou 46. g4 - Dg6!
A sorte acompanha os audazes... (mas 45. a5 em vez de 45. d6? preservava uma vantagem branca diz o computador: 45...g4?; 46. Th5!)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Sobre a nudez crua da Verdade, o manto diáfano da Fantasia"




O caro visitante "Dervich" descobriu a resposta à "adivinha cultural" de anteontem: é uma estátua do Mestre Teixeira Lopes de 1903, representando o escritor Eça de Queiroz "estendendo sobre a Verdade o ténue manto da Fantasia".
Não seria também uma bela máxima para aplicar no jogo do xadrez!?

domingo, 13 de setembro de 2009

Rúben Pereira campeão nacional






Tal como Rui Dâmaso em 1986 (ano da minha chegada a Portugal!) Rúben Pereira sagrou-se hoje campeão nacional aos 18 anos de idade.
Foi um render da guarda decidido na última jornada, pois o campeão 2008 António Fernandes ficou a apenas meio ponto do Rúben.
Afinal foi decisivo o duelo Pereira-Fernandes na 2ª ronda: na posição do diagrama, Fernandes jogou 24...Cf4 e perdeu por tempo. Segundo o computador 24...Bb5 dava uma posição interessante com equilíbrio dinâmico (partida em http://www.fpx.pt/online/cna2009/final/2/aovivo/ ).
Num honroso terceiro lugar ficou António Pereira dos Santos que fez uma recuperação fantástica após duas derrotas iniciais.
Nota positiva também para o jovem Jorge Viterbo Ferreira que liderou a classificação durante várias rondas.
De facto, para mim o factor mais interessante neste torneio foi a "luta entre gerações", culminando num novo campeão jovem.
Nota menos positiva foi a ausência de vários mestres, entre os quais ex-campeões, que podiam ter valorizado o torneio.

Fogo de artifício de jovens prometedores



Hoje, no início da última ronda do Torneio da Fase Preliminar do Campeonato Nacional dois jovens sub-16 partilham o primeiro lugar com o nosso amigo Paulo Costa (Casa do Xadrez de Alpiarça):
Francisco Mateus e António Vasques (fotos).
Ambos já mostraram um xadrez original e espectacular.

Na 6ª ronda o combate entre os dois foi violento: 1. e4 - c5; 2. Cf3 - Cc6; 3. Cc3 - g6; 4. h4!? - Cf6; 5. e5 - Cg8 ...Cg4!? ; 6. Bc4 - Bg7; 7. De2 - a6; 8. h5 - b5 muita provocação neste jogo; 9. hxg6 - hxg6 (diagrama 1); 10. Bxf7+! - Rxf7; 11. Cg5+ - Re8?? a única jogada era 11...Rf8, uma variante: 12. Df3+ - Cf6; 13. Txh8 - Bxh8; 14. exf6 - exf6; 15. Ce6+ - Dxe6; 17. Dxc6 - Bd7; 18. Dxc5+ - De7; 19. Dxe7+ - Rxe7 com ligeira vantagem branca (Fritz); mas após 11...Re8??: "game over!": 12. Txh8 - Bxh8; 13. De4 - d5; 14. Dxg6+ - Rd7; 15. Cxd5 etc. 1-0 (68, partida em http://www.fpx.pt/online/cna2009/preliminar/6/aovivo/ )


O mesmo António Vasques (os alekhinistas lembram-se dele do encontro Santoantoniense FC - GX Alekhine no mês passado em Gaia) não ficou nada desanimado e na ronda seguinte proporcionou outro jogo espectacular contra Pedro Rego (partida em http://www.fpx.pt/online/cna2009/preliminar/7/aovivo/ ).
Na posição do diagrama 2 reconhecemos facilmente uma Siciliana com fortíssimo ataque das brancas. As negras acabam de jogar 20...fxg5. Agora era decisivo 21. Th3! com demolição:
1) 21...Cf6; 22. Cxf6 - Bxf6/gxf6; 23. Txh7+! etc. ou 22...Txf6; 23. fxg5 etc.
2) 21...h6; 22. Cxe7 - Dxe7; 23. fxg5 etc.
Mas o jogo continuou: 21. Dh5 - De8; 22. Dh3?! melhor 22. Th3 - Dxh5; 23. Txh5 - Bd8; 24. fxg5 ainda com vantagem branca, 22... Cc5; 23. f6 - Cxe4; 24. Cxe7!? uma especulação que resulta; 24. fxe7 - Tf7; 25. Dg2 - Cf6 deve dar igualdade 24...Tc5?? 24...Cf2!; 25. fxg7+ - Rxg7; 26. Txg5+ - Rh8; 27. Cg6+ - Dxg6; 28. Txg6 - Cxh3; 29. Txh3 - exf4; 30. Txd6 - Tcd8 com igualdade, diz Fritz!
Mas agora: 25. Dxh7+! 1 - 0



sábado, 12 de setembro de 2009

Adivinha cultural


Hoje reencontrei uma famosa estátua do início do século XX.
Até 2001 a obra (em pedra branca) estava colocada no centro da cidade de Lisboa, mas repetidos actos de vandalismo obrigaram à sua substituição por uma réplica em bronze.
O original está agora no jardim dum museu, onde se desenrolaram no início deste decénio alguns dos torneios "Batalhas dos Mestres".
O caro leitor sabe de que estátua se trata!?
Resposta e visão frontal da estátua num próximo post.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Foi a varinha do Harry Potter!?

Ontem na quinta ronda do Campeonato Nacional Absoluto Individual aconteceram coisas inexplicáveis em dois finais de torres (http://www.fpx.pt/online/cna2009/final/5/aovivo ).
Durante mais de vinte jogadas o campeão nacional António Fernandes tentou ganhar um final completamente enpatado contra o jovem André Viela, mas na posição do diagrama 1 ele parecia ter-se conformado com o inevitável: 50. Td5 pois a troca de torres dá um empate elementar, mesmo ganhando as brancas o peão; no entanto, aconteceu... - Ta4+?; 51. Rf5 - Ta6; 52. Td7+ - Rg8; 53. Re4 e as pretas perderam por tempo! "Enervou-se durante os apuros", foi o testemunho do nosso colaborador RFM, mas 30 segundos de incremento parece tempo suficiente para decidir jogar 50...Txd5, ou não!?
Possivelmente Viela "viu" a posição uma fila mais para cima (peões em g5 e g6)? Nesse caso sim, o final de peão estaria sempre ganho para as brancas, com ou sem oposição do Rei branco...

O outro "caso" foi o final da partida Jorge Fereira - Rúben Pereira.
No diagrama 2 o jovem jogador das brancas, uma autêntica revelação neste torneio, tinha acabado de jogar 67. f6 decisivo - gxf6; 68. Txf6+ - Re7; 69. Txh6 - Tb4; 70. g5 - Tg4; 71. g6 - Rf8; existem algumas posições no final Torre + 2 Peões contra Torre que dão empate, mas esta não me parece uma delas: o que fazem as pretas após 72. Th7?
Em vez disso: 72. g7+? - Txg7; 73. Tg6 - Tf7; 73. Ta6 - Tf1 e empate vinte jogadas mais tarde.

Será que foi o Harry Potter que andou por aí com a sua varinha mágica a enfeitiçar as torres!? (post "Torre mágica", 2 de Setembro)

Use o sempre o preservativo!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dirty Old Man na Festa do Avante



... Re-sis-tên-cia!!...

...as lindas Pioneiras (clicar para ampliar)...


... Dirty Old Man com coelhinho e cervejola politicamente correcta...


...o resto da bonecada em família...

Diz o provérbio: "Quem não tem cão, caça com gato".
Ou com coelho.
Em tempos idos o coelhinho nos meus braços provavelmente seria outro (outra), mas agora que encontrei esta engraçada bicharada de marionetas no pavilhão de Cuba na Festa do Avante (obrigado, eternamente obrigado), este Dirty Old Man como por milagre conseguiu despertar a atenção de umas lindas Pioneiras durante o concerto dos guineenses Tabanka Djaz.
É caso para dizer: insondáveis são os Caminhos do Senhor...

domingo, 6 de setembro de 2009

A arte de saber perder...

Ontem à noite, bateram-se mais uma vez os dois seleccionados de futebol mais representativos do mundo. Mais uma vez, o Brasil fez o seu "jogo bonito", mais uma vez a Argentina soube perder. Alguns sábios sempre disseram: "Há que saber perder"... Outros contestaram: "Há que saber ganhar!"...
Eu, como de sábio só tenho a careca de Sócrates (filósofo grego) e a barriga de Buda Gaudama, partilho o primeiro enunciado, porque, visto que não se pode evitar todas as derrotas, é preciso apreender a lidar com elas. Ponto.
Ah, também ouvi uma vez a um outro sábio dizer: Há que saber NÃO perder!
Paradoxo?
Acho que não.



Felicidades aos brasileiros!
Força aos argentinos!

sábado, 5 de setembro de 2009

Problema Interessante




Qual a melhor continuação para as brancas?
O problema é deveras interessante e a resposta não é fácil.
Não vale usar o rybka (já agora nem o fritz, etc...)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Danças Polovtsianas" - Alexander Borodin

Uma melodia muito conhecida da ópera "Knyaz Igor" de Alexander Borodin, baseada na obra épica "Slovo o Polku Igoreve"/"A Gesta do Principe Igor", século XII.

São sublimes as interpretações das óperas russas pelo Kirov Opera & Ballet sob direcção musical de Valery Gergiev, aqui a coreografia é de Mikhail Fokine.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Há 40 anos...


(comentário post anterior): Hoje é impensável, mas em 1968 toda a teoria da Abertura Espanhola e da Defesa Francesa cabia num livro de 200 e tal páginas (clicar para ampliar)...
Keres, Taimanov e Boleslavsky eram os nossos "gurus" das aberturas.

"...e recebeu ele a morte do próprio gato" *

Ao navegar pelas páginas russas, me encontrei com este simpático artigo do mestre de Sarátov, Gulyáev... Partilho convosco esta amadora tradução (traduttore, traditore!)

As relações entre os jogadores de xadrez (aliás, como entre todas as criaturas do Universo... N.T.) nunca foram fáceis. Os conflitos (intrínsecos e extrínsecos) contam-se por milhares. No entanto, muito raramente, encontram-se pessoas que não têm, ou quase não têm inimigos. É o caso de Isaák Efrémovich Boleslávsky — inicialmente, candidato para o Campeonato do Mundo e mais tarde, o «Treinador Nº 1», cuja autoridade não era questionada, incluso numa companhia de estrelas de tamanho da selecção da União Soviética ...

Quem mais lhe poderia dizer a Geller: “Efim, você não percebe estas posições”, sem que este se incomodasse, senão pelo contrário, o tivesse em conta? Quando voltou a acontecer aquilo das Olimpíadas ganhas com uma margem de mais de oito pontos (ou seja: nas últimas duas rondas, podia-se, se apetecer, perder os jogos todos, e nada iria mudar)?

Sendo um dos principais fundadores da escola ucraniana do pré-guerra (conjuntamente com David Bronstéin e Alexandr Konstantinópolsky), Boleslávsky sobressaiu rapidamente no limiar dos anos quarenta. Durante a guerra, ele foi um dos que tem jogado muito nos torneios, na retaguarda, longe da linha de frente e se tem preparado para a eventual conquista do Campeonato do Mundo (aliás, a própria existência de tais competições preparatórias demonstra a certeza que se tinha, quanto à vitória). Tudo indica que o trabalho foi feito com o mesmo espírito, como se da indústria de defesa se tratasse: nos anos do pós-guerra o xadrez soviético não tinha concorrência.

A ascensão do Boleslavsky-desportista ocorreu no final dos anos quarenta, princípio dos cinquenta. Além de ganhar os jogos, ele se ganhou o reconhecimento geral pelo seu estilo – um estilo de rara harmonia, construído a base das “numerosas investigações científicas e análises laboratorias”.

Em 1950, em Budapeste, Boleslavsky não vence por um triz o Torneio de Candidatos, o que lhe teria aberto o caminho para disputar o match pelo ceptro mundial. Antes da última ronda, com meio ponto à frente de David Bronstein, que estava a jogar com Paul Keres, Boleslávsky tinha que defrontar o sueco Gideon Ståhlberg . Na luta feroz, Bronstein ganhou ao seu poderoso adversário, e Boleslavsky ... Boleslavsky ofereceu empate, a jogar de brancas, numa posição melhor, no décimo sétimo lance!

Claro que Ståhlberg também não era um obstáculo fácil (em Budapeste, ele ganhou ao Bronstein!), e ganhar “por encomenda” ao Keres era uma tarefa sumamente problemática. Mas foi incomprensível o facto de Isaák tranquilamente ter deixado o seu destino nas mãos dos outros ... tendo em conta que nos últimos jogos do torneio Ståhlberg já tinha baixado muito de nível!

Por tanto, ficaram só dois candidatos. O primeiro match de desempate ficou igualado. E só na série adicional(!) foi Bronstein quem venceu...

O match M. Botvinnik - Bronstein foi um dos melhores confrontos na história, quanto à qualidade. É pena não termos visto o duelo do Campeão do Mundo com Boleslavsky, porque de certeza teria sido um grande espectáculo. Na altura, o score entre ambos os jogadores favorecia a Botvinnik, mas qual é o problema? Boris Spassky antes do primeiro jogo com Robert Fisher estava com um historial de 3:0 a seu favor, mas ganhou o Grande Mestre americano ...

Como dado adicional, Boleslávsky representava em 1950, nada mais e nada menos que à histórica cidade russa de Sarátov. E se Isaák Efrémovich (que era um homem de família) não estivesse cansado de viver num hotel, a espera do apartamento prometido, de certeza teria sido «A pérola do Volga». Eis «apareceu» o prestigioso Minsk (capital da Bielorrússia) e ofereceu-lhe melhores condições para viver... Quem resistiria? .. Por isso, a familia toda se mudou..

Infelizmente, a vida confortável da capital bielorrusa não foi beneficiosa para o Boleslavsky-jogador (em termos puramente desportivos). Já no seguinte Torneio de Candidatos (1953), após um bom começo, ele logo afastou-se da luta pelos primeiros postos, e depois não jogou no Interzonal. É de não acreditar: continuando a fazer jogos de nível magistral, de repente o Grande Mestre deixou de ter ambições! Terá sido a despreocupação pelo seu estado físico, ou a sua inata natureza benevolente, a causa daquela mudança? Num dos jogos, tendo feito um empate com Keres numa boa posição, alguem perguntou-lhe : «Isaák Efrémovich, porque você aceitou as tablas?»
-Eu vi que estava melhor, mas se Paul Petróvich me tem oferecido um empate, por alguma razão ele o estava a necessitar, - foi a resposta.

Distinto era nas competições colectivas. Ao contrário dos campeonatos individuais, nos torneios por equipas I. Boleslasky costumava jogar em grande forma tanto nos campeonatos da URSS , como nos da Bielorrússia ou no «Sparták» (ou outrora, no “Burevéstnik”). Ai os resultados , por alguma causa nunca baixaram, ai ele continuava a ser o mesmo “grandioso e terrível”. Convenhamos, é mesmo raro. No entanto, aquilo é muito bem explicado no dístico de Yevgeny Ilyin (talvez, o melhor “poeta do Xadrez”):

***
Não lhe apetece arriscar as costas
É ser treinador do que ele gosta!

Quem já tem tido alguma experiência nesse âmbito, entenderá facilmente: para treinar as equipas e, ao mesmo tempo ser o segundo do Campeão do Mundo - literalmente não é um trabalho para mentes medíocres. Além disso, livros e mais livros ... publicados em todo o mundo.
Boleslávsky tornou-se lendário. Sendo bastante sociável num círculo reduzido de amigos, no trabalho a sua reputação era dum homem de poucas palavras. Mas quando ele lançava alguma réplica ou alguma lacónica observação, aquilo costumava ser mesmo memorável, como se dos aforismos espartanos se tratasse ... Uma vez, um molesto admirador seu, certamente lisonjeiro, não parava de louvar os seus feitos - Oh, voce é o segundo Steinitz! É o Nimzowitsch moderno! Etc...
Boleslávsky esperou a que este termine, e apenas perguntou: «O senhor é familiar de todos eles?»

Durante um par de décadas na sua vida, aparentemente “nada aconteceu” - como acontece com pessoas que trabalham muito e são bem sucedidas. A Selecção vencia ( a todos e constantemente), os livros escreviam-se e se editavam sem restrição ...
Mas tudo repentinamente acabou. O papel fatal no destino do Grande Mestre jogou o seu gato, chamado Filósofo.

Num dia do inverno Boleslávsky foi comprar comida para o gato, caiu e quebrou uma perna. Após a cirurgia, ele com o habitual fatalismo, em vez de continuar com as sessões de fisioterapia, começou a escrever mais um dos seus novos manuscritos ... Os pacientes sempre são alertados do perigo da falta de actividade física. Todos o compreendem, mas poucos seguem as recomendações. No dia em que foi dado de alta, já em casa, Boleslavsky faleceu de embolia pulmonar. A ajuda chegou tarde demais, mas nesse tipo de complicações, as esperanças de o salvar eram muito reduzidas.

* Parafraseando o antigo poema eslavo do séc. XII, http://en.wikipedia.org/wiki/The_Tale_of_Igor's_Campaign


O seguinte exemplo ilustra a rapidez com a que se pode receber um K.O. de um notável especialista em aberturas, tendo cometido só uma minúscula imprecisão.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Torre mágica...


Ontem o caro colega alekhinista José Alexandre enviou-me uma pasta com 30 finais de torre com elementos tácticos, coleccionados pelo Mestre Carlos Pereira dos Santos, muito obrigado, bem preciso deste "workshop"!

Hoje encontrei num quiosque a primeira entrega do jogo + curso de xadrez "Harry Potter": uma torre preta magnética com varinha mágica (que manda a torre para onde eu quiser!) mais um fascículo com a partida Legal - Saint Brie (Paris, 1750), um mate elementar que ainda não consegui dar a ninguém, mas mantenho a esperança!
Na imagem do fascículo tapei o nome da editora da colecção, pois no passado ela prestou-me uma vez um mau serviço. No entanto, 1,99 euro para esta torre mágica parece-me um bom negócio!

O gato da MarinaMur