A "Ostra da Marinha Grande"

"Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas".
"Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia.
Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola vai se formando.
Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
O mesmo pode acontecer conosco. Se você já sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? Você já sofreu o duro golpe do preconceito? Já recebeu o troco da indiferença? Então, produza uma pérola !
Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR."

Estes e outros pensamentos podemos encontrar na secção "Metáforas, contos e parábolas" do site brasileiro (por isso não corrigi a ortografia) http://www.pensamentopositivo.com.br/.

Eis uma possível introdução, se calhar algo inesperada, para a partida Alberto Eggert - Luís Galego, jogada no sábado passado na Marinha Grande.
Podia ter sido uma pequena pérola (ver post anterior)....

1. c4 - e5; 2. Cc3 - Cf6; 3. g3 - Bc5; 4. Bg2 - 0-0; 5. Cf3 - e4; 6. Cg5 - Bxf2+...

...o Grande Mestre entra a matar, mas as coisas não são tão simples; 7. Rxf2 - Cg4+; 8. Rg1 - Dxg5; 9. Cxe4 - De7; 10. d4 - f5; 11. Bg5 - De8; 12. h3 - fxe4; 13. hxg4 - d5?!...

...muito optimista, Fritz sugere 13...d6 ou 13...Dg6 com igualdade; 14. cxd5 - Bxg4; 15. Dc2 bom, diz Fritz, mas também era forte 15. Db3, ameaçando Dxb7 e d6+, p.ex. 15...h6; 16. d6+ - Tf7; 17. dxc7 - Cc6; 18. Be3 15... Bf5; 16. Dxc7 - Cd7; 17. Tf1! - Tc8; 18. Dxb7 - Tb8 what else?; 19. Dxa7 - Txb2; 20. e3 - Dc8;

Aqui o Alberto "bloqueou" (como ele próprio disse) e gastou quase todo o tempo que lhe restou...e não houve incrementos; 21. Th2 interessante 21. Da4!? - Cf6; 22. Dc6 ou 21...Dc3; 22. Th2 21...Dc2; 22. Be7 - Tf7?! melhor 22...Bg4!; 23. Bxf8 - Bf3; 24. Dxd7 - Dxg2+; 25. Txg2 - Txg2+; 26. Rh1 - Tf2+; 27. Rg1 - Tg2+ e xeque perpétuo (Fritz); 23. Bd6 - h6? 23...Cb6;

24. g4!? engenhoso, mas mais forte ainda: 24. Da8+ - Rh7; 25. g4 - Bg6; 26. Txf7 - Bxf7; 27. Bf1 - Dc3; 28. Txb2 - Dxb2; 29. Dc8 + - 24...Cf6? melhor 24...Txa2; 25. Dc7 - Dxc7; 26. Bxc7 - Cf6; 27. d6 com vantagem branca; 25. Da8+ - Bc8; 26. Bf3! "+3" diz Fritz e sugere ainda: 26. Bxe4! "+4", 26. Bh1! "+5.5" e 26. Bh3! "+6" !

Neste momento deu-se um curioso incidente: Galego já sabia que ia ganhar por tempo, desenhou um grande sorriso e disse "Ah sim!" em sinal de apreciação para o jogo do Alberto. Toda a gente começou a rir-se, mas Fernando Ribeiro interpretou este ambiente de relaxamento como o fim do jogo e começou logo a tocar numas peças no tabuleiro para iniciar uma análise "post-mortem"... só que Alberto ainda tinha alguns segundos no relógio! O incidente foi gentilmente abafado e o jogo continuou (mas se nós...!?): 26...exf3; 27. Txc2 - Txc2...

Aqui (ou umas jogadas mais tarde) Alberto perdeu por tempo, a posição é completamente ganhadora, 28. Txf3 por exemplo (mas não 28. Bc5? - Ce4!; 29. Dxc8+ - Rh7 e para evitar mate as brancas têm de jogar 30. Db8 - Tg2+; 31. Rh1 - Cg3+; 32. Dxg3 - Txg3 com vantagem negra...).
A pérola fica para mais tarde...se calhar já no próximo sábado na Taça de Portugal: GX Alekhine - ACR Vale de Cambra!?