quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por associação de (más) ideias...

Alberto "bloqueou" numa posição muito vantajosa contra Galego (post 1 de Fevereiro), o jovem Nyzhnyk falhou uma vitória ao comer a peça errada (post 2 de Fevereiro).
Será possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo!? Claro que sim, basta ser "Palhaço do Xadrez"...
Recuperando um post do blogue em repouso "Salto de Cavalo" (http://gxalekhine.blogspot.com/2005_09_01_archive.html):

Saída de emergência
No último campeonato nacional individual (do ano 2005, ver por exemplo http://www.axp.pt/verTodas/index_html?searchterm=&b_start:int=485) assistimos a uma luta fervorosa entre MI Rui Dâmaso e GM Luís Galego.
O primeiro liderou durante quase todo o torneio, mas perdeu o título num embate directo e dramático entre ambos na última jornada.
Sempre gostei do estilo muito combativo do MI Dâmaso.
Há dez anos (match Voz do Operário - Boavista, 1ª divisão campeonato nacional equipas) tive a honra de defrontar o mestre numa partida interessante, que foi concluída com uma "palhaçada" minha das grandes.....
1. d4 - Cf6; 2. c4 - d6; 3. Cc3 - g6; 4. e4 - Bg7; 5. f4 - 0-0; 6. Cf3 - a6; 7. Be2 - c5; 8. d5 - b5; 9. cxb5 - axb5 contra a Defesa Índia de Rei eu gosto de avançar quatro peões o que conduz muitas vezes a batalhas tácticas; Dâmaso sai logo da teoria principal, eu conhecia uma posição com um peão em a7 em vez de e7....; 10. e5 - dxe5; 11. fxe5 - Cg4; 12. Bxb5 - Db6; 13. De2 - Ba6; 14. h3 - Bxb5;
15. Cxb5 - Ch6; 16. g4 - Cd7; 17. Cc3 - c4; 18. Be3 - Db8; 19. 0-0 - Cxe5; 20. Dd2 - Cd3; 21. Ce2 - Cxg4 as brancas "ganham" um cavalo, mas o rei inseguro e vários peões fracos dão compensação às pretas nesta posição desequilibrada; 22. hxg4 - Dc8; 23. Ch2 - Bxb2; 24. Bd4!? - Bxd4; 25. Cxd4 - Dc5; 26. De3 - Dxd5 aqui gastei quase todo o meu tempo restante....(bloqueio criativo);
27. a4!? - Ta6; 28. Cb5 - Tc6; 29. Dd4 - Dg5; 30. Cf3 - Dh6 de repente a posição parecia-me muito boa para as brancas, mas claro, o mestre já tinha preparado uma saída de emergência;
31. Ce5 - Dh4; E agora?

Xeque perpétuo depois de 32. Cxc6 - Dg3+; 33. Rh1 - Dh3+ etc.? Não, caro leitor, chegou o momento para outro supremo número de circo.... 32. Cxd3 ("síndrome de Nyzhnyk", mas o rapaz só nasceu no ano seguinte, 1996...) - Dg3+; 33. Rh1 - g5.
Dâmaso executou o último lance com uma expressão na cara de "Desculpe-lá". Petrificado, eu deixei passar os últimos segundos no relógio: Th6 mate, como é possível?? Esta reviravolta foi demais, o cérebro deixou de funcionar (bloqueio fatal), a seta caiu...
No bar o mestre ofereceu-me uma bebida alcoólica, um gesto simpático e muito a propósito nestas circunstâncias.
Agora o caro leitor podia pensar: "Porquê é que a jogada 32. Cxd3 não vem aqui ornamentada com não sei quantos pontos de interrogação?" Resposta: "Porque a jogada não perde!" Depois de 32. Cxd3 - Dg3+; 33. Rh1 - g5; 34. Cf4! as pretas não têm melhor do que 34...Th6+; 35.Ch5 - Txh5+ e xeque perpétuo na mesma;
34. Cf4 - e5!? (sugestão do Dâmaso); 35. De4! até dá vantagem (decisiva) às brancas, diz o amigo Fritz Acht.
Às vezes temos mesmo vontade de abandonar esta modalidade...."
(blogue "Salto de Cavalo", 5 de Setembro 2005)

Esta "pérola" foi então produzida no Verão de 1995 (na presença do mestre Fernando Silva, a jogar na equipa campeã do Boavista!).

Sem comentários: